Pois é, mais um rubrica nova: “Paleo Spotlight”.Como muitos já sabem, a minha alimentação é baseada na dieta Paleo ( gosto de chamar-lhe Isi Paleo – a minha versão personalizada ), por isso decidi partilhar convosco testemunhos, na forma de pequenas entrevistas, de pessoas que praticam várias versões desta dieta.Para participarem nesta rubrica e partilharem a vossa história, basta enviarem um email com o assunto “Paleo Spotlight” para isibimby@gmail.com com a resposta Às 5 perguntas abaixo (a negrito), um pequeno texto sobre vocês e algumas fotos.
Porque é que sentiste a necessidade de mudar a tua alimentação? Nunca fui magro. Também nunca cheguei a ser obeso. Mas estava a ver o meu peso a subir, com valores um pouco elevados de colesterol e, no fundo, algo baralhado com estas coisas da alimentação: estudos que dizem uma coisa, outros estudos dizem outra, pelo meio superalimentos que prometem milagres, substitutos de refeição em pó com vários sabores e lights e zero calorias, zero gorduras…Entretanto percebi que a minha avó desenvolveu Alzheimer. Quase paralelamente, através de colegas de trabalho, tomo conhecimento da Dieta dos 31 Dias, da Dra. Ágata Roquette. O que li fez algum sentido… uma abordagem leve com uma diminuição de alimentos com elevada carga de hidratos de carbono. A coisa parecia “fazível”… e de facto foi. Fiz tudo certinho, perdi os 8 quilos que era suposto. Li o livro “Cérebro de Farinha”. Entretanto, num grupo de Facebook, tomei conhecimento com a filosofia Paleo e as coisas ganharam um novo sentido. Comecei a pensar nos alimentos em vez de apenas comer sem saber porque o fazia. Que alimentos entram diariamente na tua alimentação e o que é que excluíste de vez da tua dieta? Bom, o café turbo-descomplicado (café, óleo de coco e canela) raramente falha de manhã. Depois varia… tanto posso optar pelo ovo mexido, por um crepe com queijo e presunto ou mesmo com doce de fruta… ou nada. Como levo marmita para o trabalho tento ter sempre opções para lanche como frutos secos, chocolate (85% de cacau), kefiili (cruzamento de kefir com viili, um leite fermentado, probiótico e caseiro), ou iogurte grego, uma peça de fruta e refeição com carne ou peixe e legumes ou salada. Tento não levar muita quantidade… acho que nos habituámos a comer demais e vezes demais. O jantar é semelhante… neste processo entra por vezes a batata-doce, ocasionalmente um pouco de arroz vaporizado e mais ovos. Tento também ter um “doce” feito com ingredientes “amigos” da paleo (pode ser uma bolacha ou brownie, gelado, musse…). Sou eu que cozinho para mim, pelo que faço à minha medida, o que puder congelo em porções pequenas. O truque é aprender a gerir…Sumos, refrigerantes e massas foram mesmo excluídos. Na zona onde resido há pão muito bom, pão saloio. Uma vez por mês ou se por acaso se proporcionar em algum jantar social, como um pouco de pão com manteiga. No dia-a-dia o pão não entra, nem sinto falta. Cervejas também ficam de lado. Dou preferência ao vinho tinto. E estou sempre atento aos rótulos dos alimentos industrializados, dos poucos que ainda consumo.
De que forma é que esta mudança alterou a tua vida e a da tua família (ou amigos)? Bom, aguçou o meu gosto pela cozinha, levou-me a estudar um pouco a fundo este mundo (da alimentação saudável) ainda estranhamente inacessível a tanta gente. Os familiares mais próximos – tal como o resto do mundo – têm tendência a achar que se desenvolve uma espécie de obsessão, porque o socialmente instituído como sendo saudável é o “comer um pouco de tudo”. Esquecem-se que esse “um pouco de tudo” é muito hidrato de carbono e pouco do resto. E quando a barriga não é um problema visível, acham que não precisam aderir (o que para muitos de nós, “paleos”, é muito frustrante!)Mas claro, a criação do grupo de Facebook Paleo Descomplicado e o sucesso que teve em tão pouco tempo, será sempre um marco na minha vida. Até porque não me limito a ser administrador ou moderador. Sou participante ativo, sou insistente para que as pessoas vejam determinados conteúdos, sou chato, sou emotivo, mas tento ser coerente com a linha que ogrupo defende. E eu próprio adapto e crio conteúdos para o grupo e site de apoio. Tento estar muito presente.Qual é o teu “truque” para manter um estilo de vida saudável e não “caíres em tentação”? Não há propriamente um truque muito especial ou secreto. Como disse atrás, o truque é uma boa gestão. O truque é pensar e não apenas copiar ou executar. Planear, fazer boas compras, ter gosto em preparar os alimentos, conhecê-los… a internet é uma ferramenta fabulosa que hoje está ao dispor de praticamente todos. Os grupos de apoio tiram imensas dúvidas, partilham-se experiências… qual a farinha que melhor funciona, qual a melhor fruta consoante o objetivo da pessoa, a questão dos queijos, do colesterol, das gorduras… falamos de tudo e buscamos boas fontes de informação.Aqui não há pecados. Basta saber o que nos faz menos bem e conseguir fazer boas escolhas na maior parte do tempo e escolher outras menos más quando é necessário. Aproveitar a vida e fazer do mais saudável rotina.Podem dizer-me: “mas isso é muito complicado!”. Pode até parecer, ao início… mas fomos nós (Homem) que complicámos. Alterámos por completo aquela que seria a nossa alimentação natural, temos tudo disponível a toda a hora e não era suposto ser assim. Agora é preciso remontar o puzzle com a imagem correta, agora temos que descomplicar! Se tivesses de convencer alguém a “converter-se” a um estilo de vido saudável (vindo das profundezas do sedentarismo e junk food) o que dirias? Engraçado usares o termo “converter”. Acaba por ser aplicável a muitas outras dietas, mas não à Paleo. Se a entendermos como uma filosofia de vida que vai para além da alimentação (para isso o Mark Sisson, autor do Primal Blueprint, criou as “Leis da Energia Paleo”, que adaptei para as nossas “Leis Descomplicadas”)… julgo que os termos mais corretos são “aceitar” ou “adotar”. Para isso é preciso conhecer! É preciso gastar um pouco de tempo! No imediato, é muito difícil competir com um comprimido anunciado na televisão que diz fazer milagres, mas pensem bem: não estamos fartos de ouvir falar em milagres que nunca acontecem? E as estatísticas relacionadas com as doenças ligadas à obesidade estão a decrescer? Não, pelo contrário. A diabetes está a ganhar-nos! Então o melhor que podemos fazer é mostrar os nossos resultados, com o nosso exemplo! Temos uma mensagem que não é suportada por interesses económicos ou sociais e que tentamos passar. É uma mensagem suportada na lógica, no conhecimento científico sério e em verdadeiras experiências pessoais de quem quis ter o controlo! Porque uma coisa é certa: a Paleo não é para preguiçosos!
Obrigada Francisco, pelo teu testemunho!