Há algum tempo que queria conhecer a Índia, mas foi este ano, 2019, que consegui concretizar mais este sonho em forma de viagem. Foi muito diferente do que esperava: como não fomos para zonas muito turísticas, o choque cultural (e fisiológico) foi grande – principalmente porque, segundo o meu namorado, eu sou uma “princesinha” haha. No entanto, ele, homem de barba rija, também andou uns dias meio adoentado. Escrevi este post em forma de “mini-manual prático” para quem está a pensar viajar para este destino. Espero que vos seja útil.
Comprar voo
Costumo procurar voos em vários sites (Momondo, Swoodoo, etc.), e, caso queiram combinar vários voos, recomendo o Kiwi.com. Eles oferecem uma garantia que cobre alterações de voos em caso de cancelamento ou atrasos em voos de companhias diferentes com escalas sucessivas (foi o que nos aconteceu logo no trajeto de ida: tínhamos duas escalas, o primeiro voo atrasou, e, como o terceiro voo não era da mesma companhia, tivemos de recorrer à garantia do Kiwi para não ficarmos “em terra”, porque, devido ao atraso, perdemos o voo marcado originalmente).
Caso vão e voltem do mesmo destino, vejam as ofertas do momento na Take Off. Eles encontram sempre as melhores promoções. Os preços variam muito, mas a partir de 400 euros já encontram voos de ida e volta para as principais cidades.
Nota: o nosso voo pela Turkish Airlines foi alterado e tivemos de voar com a Indian Airlines – não recomendo! A descrição do meu namorado para aquele voo foi perfeita: “parecia que já estávamos na Índia, só faltavam as galinhas a passear no corredor” ahaha. Isto agora até pode parecer engraçado, mas um voo desses de 8h30, entre outros dois, faz com que perca a piada.
Seguro de Viagem
Pelo sim, pelo não, fizemos um seguro com algumas coberturas básicas. Existem vários, por isso vejam o que vos parece melhor. O meu namorado tratou disso e fez o VIP da Fidelidade, mas penso que o Travel Nomads também tem uma cobertura muito completa – pesquisem um pouco e comparem. Os valores variam conforme a duração e os destinos – o nosso foi cerca de 80 euros por pessoa para 21 dias na Índia e Sri Lanka.
Os Vistos
Existem duas opções: e-visa ou pedido de visto na embaixada. Nós optámos pelo mais fácil e pedimos o visto online. Custou cerca de 50€ e demorou cerca de 2/3 dias a ser confirmado.
Dica: em religião, colocar “católica”, pois, se não colocarem nada, vão-vos recusar o visto (experiência de uma amiga).
A Consulta do Viajante
Aconselho que marquem e vão mesmo. Eu não fui, porque já a tinha feito há uns anos, quando fui ao Sri Lanka, e levei todas as vacinas que estavam na lista (apesar de não serem obrigatórias). Como fomos para uma zona de alto risco de malária, decidi tomar a profilaxia (Mephaquin). Aliás… comecei a tomar, mas não aguentei os efeitos secundários e tive de parar (náuseas, vómitos, até febre…) enquanto que o meu namorado tomou sem qualquer sequela… Sou mesmo uma princesinha. Falem com o médico e decidam a melhor alternativa – se tomar como prevenção ou levar apenas para usar em caso de necessidade, de acordo com as zonas que vão visitar.
Como sou a chamada “florzinha de estufa”, levei comigo toda uma farmácia – desde anti-histamínicos, paracetamol, anti-inflamatórios, antibióticos, etc. Infelizmente, tive mesmo de tomar muitos deles, porque fiquei com uma febre terrível na Índia durante dois dias. Não sei do que foi, mas passou…
Cartão SIM
Chamem-me (quase) milenial, mas penso que adquirir um cartão SIM local na Índia é essencial – o que ficou provado logo ao apanhar o primeiro táxi (daqueles “oficiais” e pré-pagos no aeroporto) para o alojamento que tínhamos reservado. O senhor não fazia ideia de onde era (mas ao entrarmos no táxi disse com toda a certeza que sabia) e não estava minimamente preocupado em procurar. Resultado: como ainda não tínhamos comprado um cartão SIM, tivemos de ligar o roaming e procurar o alojamento no (nosso) Google Maps – o que custou a mera quantia de 50 e poucos euros mais IVA.
Aconselho que comprem o cartão numa loja do aeroporto e que seja da Vodafone, pois penso que é a rede que tem melhor cobertura e preços. Como nós não seguimos este útil conselho, fomos mais uma vez (duplamente) enganados… Para além de nos pedirem 300 rupias pelo cartão em si (que eu já sabia ser gratuito, mas não me quis chatear), pagámos 299 rupias pelo plano de 28 dias com 1.5 GB de internet diários (acho que a Índia é o país com a net móvel mais barata do mundo), que o simpático senhor cuidadosamente “arrumou” no bolso, em vez de carregar o cartão. Assim, tivemos internet por um dia e nunca mais funcionou… Bem, para que não vos aconteça o mesmo, aqui fica o que devem fazer:
Numa loja Vodafone no aeroporto, entregar:
Cópia do visto
Cópia do passaporte
2 fotos tipo passe
Morada no país (tem de ser no estado onde compram o cartão) e contacto para confirmação da mesma – demos o do alojamento onde ficámos na primeira noite, mas duvido que tenham confirmado ao telefone.
A Comida
Eu gosto de comida picante e até uso regularmente em casa. Mas enganem-se se acham que "o picante" da Índia tem alguma coisa a ver com o "nosso" picante. O sabor característico da comida deles advém das "masalas", que não são mais do que misturas de todas (e mais algumas) especiarias. São estas maravilhas gastronómicas (que o são mesmo) que causam toda uma intermitência de prisão de ventre com o efeito oposto (não vale a pena dar detalhes, pois não?) no corpinho de um pobre europeu. Ao terceiro dia, desisti e comecei a pedir tudo "NO spice" – sim, na Índia há que falar Inglês-Indiano haha. Recomendo que bebam/comam iogurtes com probióticos, muita água e fibra. Não recomendo que comam "street food" por razões óbvias de higiene (quando lá chegarem, vão perceber ahah).
Andar de Comboio
Andar de comboio na Índia foi, talvez, a experiência mais "autêntica" que tivemos. À falta de melhores opções, viajámos em Segunda Classe "Sleeper", que basicamente são carruagens divididas em zonas com 6 camas de um lado e 2 do outro. Para uma viagem curta, é uma opção aceitável, mas se tiverem de fazer muitas horas/dias (e na Índia, nunca se sabe; uma viagem de 3 horas facilmente atrasa e passa a ser de 6h), procurem reservar antes (online ou na estação) lugares em Primeira Classe AC.
Nota: se forem reservar bilhetes numa estação, levem o passaporte e visto – é obrigatório para estrangeiros.
Dicas Gerais
Negociar sempre o preço das viagens (tuktuk ou táxi) antes de entrar;
Nunca lavar os dentes com água da torneira (muito menos beber água da torneira…);
Em muitos alojamentos não há água quente; noutros, só há a certa hora do dia. Convém perguntar antes;
Usar sempre repelente para evitar picadas de mosquitos;
Não transportar sprays nem isqueiros na bagagem (mandam tudo fora no aeroporto…);
Levar roupas leves, claras e, em muitas regiões, as mulheres devem usar roupas compridas que tapem ombros, decote e pernas.
Recomendo a experiência!
Comments