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  • Foto do escritorSara Isidoro

A verdade sobre o colesterol

Pratico exercício físico com regularidade e tenho uma alimentação equílibrada, o valor total do meu colesterol é de 220 mg/dl, considerado pela American Heart Association como borderline – alto risco. Deverei estar preocupada? Alterar a minha alimentação? Praticar ainda mais exercício? Não. Vejamos o porquê:

  1. O valor do meu colesterol HDL (comum colesterol “bom”) é de 90 mg/dl, que está bastante acima dos 60 mg/dl, o que confere alguma proteção contra as doenças cardíacas.

  2. O valor LDL ( chamado de colesterol “mau”) é de 110 mg/dl o que significa que estou bastante perto do nível optimo (100 mg/dl) e muito abaixo de níveis “perigosos”. Apesar de comumente o colesterol LDL ter uma conotação negativa, este é dividido em dois tipos: LDL-A (inofensivo) e LDL-B (que poderá ser perigoso pois causa inflamação, placa e possível desenvolvimento de doenças cardíacas).

  3. Os triglicéridos estão bastante abaixo dos “perigosos” 150 mg/dl, com 100 mg/dl.

Tudo isto para explicar que o valor total de colesterol no sangue deve sempre ser decomposto nestes 3 indicadores (e se possível diferenciar ainda os valores do LDL A e LDL B) e cada um deles deve ser analisado individualmente. Aqui ficam mais alguns pontos importantes a ter em conta:

  1. O colesterol é necessário  na nossa alimentação para que o nosso corpo produza hormonas, vitamina D e regule funções cognitivas, celulares e muito mais.

  2. A doença cardiaca é causada pela inflamação! Esta inflamação é causada em grande parte pelo açúcar que ingerimos e não maioritariamente pelas gorduras ou colesterol presente nos alimentos.

  3. O nosso corpo controla a produção de colesterol tendo em conta as quantidades ingeridas – a boa notícias é que individuos saudáveis podem comer ovos diariamente!

  4. As estatinas (fármacos usados para diminuir o colesterol) não apresentam um papel importante como prevenção primária em individuos sem antecedentes – reduzindo apenas o risco de ataque de coração de 3-4% para 2%* no entanto, parecem ajudar bastante quem têm historial de problemas cardíacos.

  5. Apesar de poderem ser benéficas, as estatinas produzem também efeitos negativos, como: afectam a produção de energia nos músculos**, criando dores musculares e dificultando a prática de exercício físico e aumentam o risco de diabetes (principalmente em mulheres na pós-menopausa)***.

  6. O uso do indicador colesterol total como preditor do risco de doenças cardiacas já foi describidilizado em vários estudos. Em 2008 foi publicado um estudo efectuado em 136,905 pacientes hospitalizados (devido a ataque cardiaco) que demonstrou que 75% destes não estavam dentro do pantamar “alto risco” quanto aos seus niveis de colesterol****.

  7. Outro estudo publicado no New Englad Journal of Medicine demonstrou que alguns fármacos que diminuíam os valores de LDL não diminuiam a placa acumulada nas arterias*****.

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Resumindo: a prevenção de doenças coronárias deverá ser feita através de uma alimentação saudável e equilibrada, com o mínimo de gorduras trans e açúcares possível, prática regular de exercício físico, exposição solar q.b., descanso/sono suficiente e, se necessário, suplementação.

 Abaixo podem encontrar alguns estudos que corroboram as informações apresentadas no artigo: *Statins and Al-Cause Mortality in High-Risk Primary Prevention A Meta-analysis of 11 Randomized Controlled Trials Involving 65 229 Participants Kausik K. Ray, MD, MPhil, FACC, FESC; Sreenivasa Rao Kondapally Seshasai, MD, MPhil; Sebhat Erqou, MD, MPhil, PhD; Peter Sever, PhD, FRCP, FESC; J. Wouter Jukema, MD, PhD; Ian Ford, PhD; Naveed Sattar, FRCPath **Cholesterol medicine affects energy production in muscles, University of Copenhagen***Risk of Incident Diabetes With Intensive-Dose Compared With Moderate-Dose Statin Therapy, K. Ray, et al JAMA. 2011;305(24):2556-2564. doi:10.1001/jama.2011.860.****Lipid levels in patients hospitalized with coronary artery disease: An analysis of 136,905 hospitalizations in Get With The GuidelinesAmit Sachdeva, MD, Christopher P. Cannon, MD, Prakash C. Deedwania, MD, Kenneth A. LaBresh, MD, Sidney C. Smith Jr, MD, David Dai, MS, Adrian Hernandez, MD, Gregg C. Fonarow, MD, on behalf of the GWTG Steering Committee and HospitalsReceived: May 9, 2008; Accepted: August 6, 2008; Published Online: October 23, 2008*****Simvastatin with or without Ezetimibe in Familial HypercholesterolemiaJohn J.P. Kastelein, M.D., Ph.D., Fatima Akdim, M.D., Erik S.G. Stroes, M.D., Ph.D., Aeilko H. Zwinderman, Ph.D., Michiel L. Bots, M.D., Ph.D., Anton F.H. Stalenhoef, M.D., Ph.D., F.R.C.P., Frank L.J. Visseren, M.D., Ph.D., Eric J.G. Sijbrands, M.D., Ph.D., Mieke D. Trip, M.D., Ph.D., Evan A. Stein, M.D., Ph.D., Daniel Gaudet, M.D., Ph.D., Raphael Duivenvoorden, M.D., Enrico P. Veltri, M.D., A. David Marais, M.D., Ph.D., and Eric de Groot, M.D., Ph.D. for the ENHANCE InvestigatorsN Engl J Med 2008; 358:1431-1443April 3, 2008DOI: 10.1056/NEJMoa0800742

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Sara, viajeira de corpo & mente, apreciadora de comida saudável (e da outra também) & de tudo o que é bom na vida. 

Blogger & Fisiologista do Exercício, PG Nutrição Clínica

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