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A fome emocional…



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Como já referi aqui no blog, há uns tempos li o livro “Como Vencer a Fome Emocional” da Prof. Dra. Teresa Branco e gostei bastante, não apenas da forma como o livro está organizado e escrito mas também por saber que esta autora dava realmente ênfase à abordagem multidisciplinar da perda e controlo do peso. Assim, porque na minha opinião, a fome emocional afecta todos nós (pontual ou recorrentemente) aqui fica uma entrevista bastante esclarecedora sobre este tema.

“Entrevista de Prof. Dra. Teresa Branco à Nesvida, revista do Grupo Nestlé.

O que é a fome emocional?É um comportamento que se traduz em comer de forma descontrolada, muitas vezes na ausência de fome fisiológica, para preencher uma necessidade emocional. Está quase sempre associada a um sentimento de perda: um divórcio, desemprego ou a frustração de não ter o emprego desejado, a ansiedade de não corresponder às expectativas, um conflito familiar, deixar de fumar, entre tantos outros exemplos. Depois de um episódio de fome emocional, a pessoa tende a culpabilizar-se, porque sente que perdeu o controlo e que isso vai contribuir para o seu aumento de peso. Esta culpabilização pode levá-la a repetir o comportamento, gerando-se um ciclo vicioso muito semelhante ao da adição. No entanto, a fome emocional é diferente da compulsão alimentar, cujo diagnóstico implica comer de forma descontrolada duas a três vezes por semana, durante pelo menos seis meses. E se alguém comer descontroladamente durante três, quatros meses? O termo “fome emocional” não é científico, porém foi criado para preencher essa lacuna, enquadrando situações que não cumprem os requisitos de uma compulsão alimentar, mas que necessitam de intervenção especializada.Quais as grandes diferenças entre fome fisiológica e fome emocional?Na fome fisiológica há uma necessidade de ingerir calorias para sobreviver e realizar as atividades diárias. A fome emocional não é despoletada para preencher necessidades energéticas, embora ocorra um consumo de calorias, geralmente excessivo.Quais as consequências da fome emocional para a saúde?Ao nível da saúde psicológica, pode levar à depressão que, por sua vez, pode conduzir à fome emocional, criando-se assim um ciclo vicioso. Por outro lado, alguém com um quadro de fome emocional pode passar por grandes oscilações, entre a restrição e a compulsão. Tão depressa tem um registo alimentar extremamente restritivo, chegando quase a passar fome, como cai novamente na fome emocional, já que a restrição provocou uma perda. Outra das consequências pode ser o aumento de peso e a obesidade devido ao consumo excessivo de calorias. A diabetes, a doença cardiovascular, o refluxo gástrico ou a depressão são algumas doenças associadas à obesidade.O que fazer para evitar ou combater a fome emocional?Recorrer a um acompanhamento multidisciplinar: psicológico, nutricional e clínico, sem esquecer a atividade física. Ao nível do acompanhamento psicológico, o primeiro passo é assumir que existe um problema. A fase seguinte é perceber o que está na base do comportamento, que perdas foram sofridas. Quando as razões são identificadas, é preciso resolver estas perdas e encontrar atividades alternativas que façam a pessoa sentir-se preenchida. Sabemos que em fases da vida mais preenchidas há menos propensão para comer de forma descontrolada. Algumas pessoas ultrapassam a fome emocional quando se apaixonam, casam novamente, divorciam-se, resolvem um problema com um familiar, encontram ou mudam de emprego – ou seja, quando há uma reparação da angústia e da situação que estava a causar a perda. É também importante ter um acompanhamento nutricional e é recomendável a prática de atividade física, pois favorece a autoestima, o bem-estar e o controlo das emoções. A um nível clínico, é preciso perceber se existem alterações hormonais que expliquem o aumento da fome e a propensão para procurar compensações, nomeadamente em alimentos com açúcar. Esta abordagem holística é extremamente importante, porque a pessoa é vista como um todo.Considera que existem fatores de risco para se sentir fome emocional?A fome fisiológica, a instabilidade emocional, um desequilíbrio hormonal são fatores de risco. A relação que se desenvolve com a comida ao longo da infância e da adolescência também deve ser tida em conta. Ter um pai ou uma mãe que critica frequentemente o que o filho come, ou um professor que, em algum momento, fez a criança sentir-se gorda – são exemplos potenciadores de uma futura fome emocional.Existem grupos mais suscetíveis?A fome emocional é mais comum nas mulheres do que nos homens. As crianças também comem emocionalmente, mas é mais frequente na adolescência e na idade adulta.Qual considera que deverá ser o papel da Indústria Alimentar perante esta temática?Considero que a Indústria Alimentar tem um papel muito importante. Alimentos saudáveis e muito saborosos, que não potenciem o aumento de peso, vão fazer as pessoas aderir sem se culpabilizarem. Acredito que a Indústria Alimentar tem uma capacidade enorme para colocar isto em prática, mas é preciso que se una às pessoas que trabalham esta temática e que juntas percebam, de facto, de que é que as pessoas precisam.”Fonte: http://www.teresabranco.com/novidades/noticias/Entrevista-da-Prof-Dra-Teresa-Branco-a-Nesvida-revista-do-Grupo-Nestle/518/

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Sara, viajeira de corpo & mente, apreciadora de comida saudável (e da outra também) & de tudo o que é bom na vida. 

Blogger & Fisiologista do Exercício, PG Nutrição Clínica

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